O FERREIRO E O MARTELO
O MEU PAI É FERREIRO: MEMÓRIA E POESIA AUTOBIOGRÁFICA
Aluízio Ferreira, meu pai.
Estimados leitores e leitoras. Embora, tenha escrito esses versos para o meu pai. Eles também dizem respeito a você, às suas experiências vividas ao lado do pai, memórias de amor e afeto, que lhe acompanharão pela vida a fora. Essas são imagens da minha casa, da rua, da cidade, do mundo, da oficina do meu pai, que consegui transformar em poesia, algo para mim tão verdadeiro, quanto revelador da minha infância de trabalho, encanto e magia. O meu pai era um homem simples, um ferreiro e bombeiro hidráulico, que estudara apenas até o terceiro ano do Primário, mas valorizava a educação, o estudo e o conhecimento. Ele foi o meu melhor amigo e o meu grande mestre. Aprendi com ele a amar o trabalho e a verdade.
O FERREIRO E O MARTELO
Ao meu pai Aluízio Ferreira, in memoriam
O meu pai é ferreiro,
Ele acorda de manhã,
Bem cedinho,
Na hora dos passarinhos,
O martelo TEM TEM TEM...
O meu pai é ferreiro,
Ele acorda a casa,
Acorda a vizinhança,
Acorda a minha rua,
Acorda o bairro,
Acorda a cidade,
Ele acorda o mundo inteiro.
O martelo TEM TEM TEM...
O meu pai é ferreiro,
Um menino puxa o fole:
A ofcina, a forja, o fogo,
O ferro em brasa, a bigorna,
A tenaz e a geometria do ferro,
O martelo TEM TEM TEM...
O meu pai faz enxada, foice e machado.
O meu pai faz chocalho, espora, brida e cabeçote.
O meu pai faz faca, facão, rifle e espingarda.
O meu pai faz marca de ferrar e ferradura.
O meu pai faz porca, parafuso, portas e portões.
O meu pai faz o diabo-a-4 de ferro.
O martelo TEM TEM TEM...
O meu pai é ferreiro,
Ele conta histórias bonitas para mim.
Ele acorda de manhã
Bem cedinho,
Na hora dos passarinhos.
O martelo TEM TEM TEM.
Teresina, 2014.
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